Crônica em torno de uma trufa branca e um ovo orgânico
Há convites e convites. Quando se recebe um convite para almoçar ou jantar na casa de Lou e Boni de Oliveira, sabe-se que será muito mais do que uma mera formalidade, do que uma simples ocasião protocolar, do que um exercício social de retribuições. Pra princípio de conversa porque os Bonijamais recebem pelas convencionais razões de etiqueta. Seu critério é o do coração. Recebem porque querem demonstrar afeto por um amigo, manifestar seu carinho ou seu aplauso e/ou reconhecimento por algo que a pessoa é ou que ela fez. Daí, risquemos do manual do casal aquelas fórmulas sociais batidas em que os anfitriões quase sempre cumprem obrigações...
O outro motivo para se olhar um convite de Boni e Lou de maneira diferenciada é que, quando eles abrem as portas de sua penthouse doPepino, escancaram o coração, a adega e a geladeira, onde guardam (nos três) seus mais preciosos itens. Os sentimentos são os mais calorosos, os vinhos são os de melhores safras e a comida é aquela de se ajoelhar pra comer e rezar agradecendo...
Desta vez, o casal festejava Paulo Müller, o cirurgião plástico, amigo de todo o sempre. E os felizardos comensais, na mesa de 12 lugares marcados, eram Isabel Sued, que acabou de chegar da sua casa na Provence;Miguel Pires Gonçalves, corpo de toureiro, contando que desde os 20 anos só somou dois quilos ao seu peso; João e Lucinha Araújo; Narcisa T., convidando para sua big festa de hoje; Julio Rego, de blazer de linho vermelho e calças listradas de vermelho e branco; José Ronaldo Müller, da equipe deste blog; Marize Müller, mãe do Paulinho homenageado, eBruno Boni, filho de Lou e de Boni, que ontem mesmo partiu, após o almoço, para continuar seus estudos em Nova York...
Abrindo o apetite e os trabalhos, foram servidos champagne Billecart Salmon-Rosé geladísimo ou, para quem preferisse, o vinho Meursault Desiree-Lafond branco, na temperatura correta, ça vas sans dire...
À mesa, aos olhos de todos, o host preparou, ele mesmo, um pudim de alho poró coberto com uma generosa porção de caviar Malossol. Combinação perfeita do sabor suave do poró com o gosto intenso do caviar...
Em seguida, cada um dos 12 foi brindado com uma trufa branca in-tei-ri-nha! As trufas chegaram naquela mesma manhã de ontem, vindas especialmente da região de Alba, na Itália. E cada convidado recebeu seu próprio ralador de trufas, só esperando o momento certo para entrar em ação...
Eis que é servida uma receita inspirada no mestre catalão Ferrian Adrià, doEl Bulli famoso: um ovo cozido em baixa temperatura, por duas horas, ou, para quem preferisse como foi o caso da Lou, um ovo frito. A maioria foi na onda do Boni (onda boa) e escolheu o ovo em baixa temperatura que, de quebra, mereceu pitadas de sal de Bordeaux...
E foi dada a partida no raspa-raspa das trufas + ovos orgânicos, um sucesso. Para acompanhar essa experiência tão rara, um Chevalier-Montrachet 2005 du domaine Leflaive, vinho feito em uma sub-região daBorgonha...
Como pièce de résistence, um capellini (cabelinho de anjo, minha massa preferida, nhamnham!) com manteiga de trufas e mais raspa-raspa. Quem ainda tinha trufa, pediu mais capellini e completou o delírio com um Château Margaux 1985. Depois, se seguiram os queijos franceses e desta vez um Château Haut–Brion 1982...
Paulinho foi várias vezes brindado e ganhou até pequeno discurso da Lou, amorosa e doce, combinando bem com Château D'Yquem safra de 1989(uau!) que acompanhava um sorvete de creme com calda de frutas vermelhas...
Por fim, nessa temporada patriótica pré-eleição, brigadeiros deliciosos, de se bater continência! E viva Boni, o grande anfitrião do Rio, mas que só é total e completo recebendo ao lado da alegria contagiante da Lou, linda as always...
Um comentário:
meu deus! eu quero muuuuito participar de uma refeição dessas! deu fome.... de comida boa!
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